sexta-feira, 24 de abril de 2015

Versos em dígitos

09/03/2015 09:53

p.e.m.



JAZZ

A voz do saxofone
misturáva-se a
sua
ao meu lado
enquanto no flerte brincávamos
de entrelaçar copos,
ideias,
trejeitos,
de destruir conceitos 

do jazz 
que é liberdade
que flui
dentro de si.

Na era digital,
buscávamos um pulsar analógico
e fomos tentar um jazz
no quarto andar
da rua Anita Garibaldi.
Noite rua abaixo,
Céu acima,
You played that sound - bang bang,
on the ground we played
- bang bang.

Amanheceu
e éramos mais dois
em uma dessas janelas
de edifícios antigos da cidade
a tomar café amargo
e a ver a vida lá fora,
tomando a forma
que nos convinha.

~

11/03/2015 08:17

r.c.


RESPOSTA


A voz do saxofone
misturáva-se a sua
ao meu lado
Conversávamos sem nos importar
se não estávamos mais ali pela música
pois a química entre nossos corpos
era tão intensa
quanto o ápice do jazz bem executado
Sei que Charlie Parker me perdoaria

Assim eu percebi

Que já a conhecia
porém não sabia de sua existência
Que já a admirava

porém ainda não havíamos conversado

Amanheceu
éramos mais dois
em uma dessas janelas
de edifícios antigos da cidade
a tomar café amargo
e a ver a vida lá fora
tomando a forma
que nos convinha

E agora eu era aquele
que esperava pelo próximo encontro
para prosseguir a história desse conto
que aguardava por continuar

~

19/03/2015 23:36


r.c.


SENSO/CENSO

O censo indicava
Enquanto o senso guiava
Que pela contagem do último censo
Aqueles dois ali se entendiam - em ótimo senso
E concentiam que o censo e suas exatas eram importantes
Porém o senso da sensação os tornava humanos, leves
E se o meu censo estiver correto
Assim como penso que está
Te pretendo, cada vez mais perto
Pra no meu senso
Te ancorar


~

20/04/2015 21:42

p.e.m.


SENSORIAL

Todo censo tem falhas
e o senso que guia
pode desenganar.

De desenganos penso que aqueles dois entendiam,
mas não se entendiam
tão bem.

Serenata virou sereno
em cada janela, um só.
A porta que o senso abre
é a mesma que a trancas se ouve fechar...

Vai saber
o que sentiu então
a solidão
a flutuar
nesse imenso mar de idas e vindas
de intensos abraços
a se dispersar...

É, a vida tem dessas,
acende o teu cigarro agora,
enquanto eu tomo meu chá
e penso que as mãos foram para afagos,
que não haja pedras para recordar.


FIM.